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Semanas de Inovação Suécia-Brasil discutirão ações para o clima

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Começa nesta segunda-feira (25) e vai até 12 de novembro a 10ª edição do evento Semanas de Inovação Suécia-Brasil. Com foco em inovação e sustentabilidade, o evento será transmitido ao vivo e acontece de forma online devido à pandemia de covid-19. 

O evento é organizado pela Embaixada da Suécia em parceria com o Business Sweden, a Câmara de Comércio Sueco-Brasileira (SwedCham), o Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB), o Instituto Sueco-Brasileiro de Economia Circular e Desenvolvimento Sustentável (ISBE) e os consulados gerais da Suécia no Rio de Janeiro e em São Paulo.

No decorrer do evento serão promovidos debates sobre temas estratégicos para ambos os países, como os impactos da chegada da tecnologia 5G, modelos de desenvolvimento sustentável e de bioeconomia, mobilidade urbana inteligente, mineração e aeronáutica – a Suécia é responsável pela tecnologia dos Caças Gripen, que equipam a Força Aérea Brasileira.

As Semanas de Inovação Suécia-Brasil contarão com a participação da vice-ministra de Indústria e Inovação da Suécia, Stina Billinger, do secretário executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTIC), Sergio Freitas de Almeida, da embaixadora da Suécia no Brasil, Johanna Brismar Skoog e de representantes de negócios e empresas de ambos os países.

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Marcos Pontes, também está na lista de expositores, e deverá debater com o professor e astronauta sueco Christer Fuglesang sobre o futuro da inovação aeroespacial na Suécia e no mundo.

A Agência Brasil entrevistou, com exclusividade, a embaixadora da Suécia no Brasil, Johanna Brismar Skoog, sobre os laços comerciais, diplomáticos e de cooperação em áreas estratégicas para ambos os países. Confira:

ABr – Existem ideias inovadoras vindas do Brasil que poderiam impactar na maneira como a Suécia lida com o clima? Quais modelos brasileiros estão sendo exportados?
Johanna Skoog – O Brasil tem muita experiência no campo de pesquisa climática e alguns mundialmente conhecidos pesquisadores de modelos climáticos. Só para mencionar alguns, os três irmãos Nobres e José Antonio Marengo Orsini, e instituições respeitadas como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Essa é a beleza da colaboração internacional para pesquisas: cientistas inspiram uns aos outros, trocam ideias e soluções, e adaptam ao contexto local. Brasil e Suécia tem muitas diferenças importantes, mas enfrentamos o mesmo desafio global de mudanças climáticas. O impacto será diferente para cada um, mas as consequências serão igualmente desastrosas.

ABr – O Brasil está prestes a implementar o mais novo padrão de dados móveis, o 5G. Quais são os planos da Suécia – que está à frente na tecnologia 5G – para trocar experiências com um país que ainda não está inserido nesta tecnologia?
Johanna Skoog – O Brasil não é um país tecnologicamente atrasado. Acredito que muitos setores e grupos aguardam ansiosamente pela introdução do 5G e seus benefícios. As oportunidades e experiências do 5G transformarão a indústria e experiências do dia-a-dia. Para o Brasil, vemos importantes avanços no agronegócio e na indústria.

Durante as Semanas de Inovação haverá várias atividades envolvendo a Ericsson, que terão como tema os benefícios do 5G no Brasil. Um exemplo é o painel que acontecerá no dia 26, chamado Caminho para a COP26 [Road to COP26, em tradução livre], que apresentará exemplos de como a indústria está apoiando a transição necessária para um futuro mais seguro e sustentável no mundo.

ABr – Existem planos no campo educativo para instigar a curiosidade científica na juventude brasileira?
Johanna Skoog – Ao longo dos anos investimos bastante tempo e esforços para que jovens brasileiros considerassem a Suécia como destino para suas futuras jornadas. Esse trabalho foi coordenado pela Embaixada da Suécia e outros órgãos, no nosso escritório de Ciência e Inovação. Tenho muito prazer em dizer que isso levou a resultados bastante concretos, é o que mostra um relatório recente da Fundação Sueca de Cooperação Internacional em Educação Superior (STINT, na sigla em inglês). O número de artigos de pesquisa colaborativos entre Suécia e Brasil aumentou de cerca de 100 ao ano na década de 1990 para 1200 ao ano em 2019. Estamos confiantes que esse número continuará a crescer.

Vale mencionar, ainda, que damos apoio de diferentes maneiras, e que os jovens brasileiros são classificados em um grupo-alvo especial: o Stockholm Junior Water Price e o Prêmio Queen Silvia Nursing. O primeiro é destinado a estudantes do ensino médio para estimular o pensamento inovador na preservação de água e tem uma edição brasileira exclusiva desde 2017. Em 2021, o jovem estudante Gabriel Fernandes, de Itajaí, foi o vencedor.

O segundo prêmio é novo no Brasil, mas visa estimular estudantes de enfermagem e enfermeiras em atividade a pensar em formas novas – mais humanas – para tratar pacientes e trazer conscientização sobre ideias mais progressistas, que ajudem a enfrentar o problemas de saúde mais urgentes, em especial de pessoas idosas com diagnóstico de demência.

ABr – Quais são as melhores práticas que o Brasil poderia trazer da Suécia para as áreas urbanas e serviços públicos?
Johanna Skoog – Há diversas áreas nas quais Brasil e Suécia podem se inspirar mutuamente. A Suécia lançou uma plataforma aberta que agrega informação sobre cidades sustentáveis para melhorar a disseminação de conhecimento e experiência, servindo como fonte de inspiração para mostrar exemplos concretos de projetos urbanos viáveis. O Cidades Inteligentes Suécia [Smart City Sweden, no original] recebe delegações de todo o mundo que tenham interesse nas soluções. Várias delegações brasileiras já participaram. 

Quatro agências suecas trabalham em parceria com o governo brasileiro em áreas relacionadas à práticas sustentáveis e preocupações ambientais. Um exemplo interessante é a Agência Sueca de Proteção Ambiental [SEPA, na sigla em inglês], que lida com o gerenciamento de resíduos urbanos e fornece treinamentos para parceiros.

ABr – E quais são as melhores experiências brasileiras que podem ser levadas para esse intercâmbio cultural entre os países?
Johanna Skoog – Para a Suécia, é muito importante cooperar internacionalmente. Nosso país é pequeno, dependemos de interações com o resto do mundo. Empresas e instituições só podem progredir observando além de nossas fronteiras. A cooperação traz novos aprendizados, novas possibilidades de trabalho, novos mercados e novas soluções. Por exemplo, o Brasil tem centros extraordinários de pesquisa e inovação, como Senai, Embrapii, Embrapa, o laboratório Sirius, além de várias outras instituições e universidades que têm infraestrutura, capacidade técnica, condições de financiamento e vontade de contribuir com o mundo.

Edição: Pedro Ivo de Oliveira

Fonte: EBC Geral

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Ação Social

No primeiro ano de governo, 24,4 milhões deixam de passar fome

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Insegurança alimentar e nutricional grave cai 11,4 pontos percentuais em 2023, numa projeção a partir de informações da Escala Brasileira de Segurança Alimentar (EBIA), divulgada pelo IBGE com base na PNAD Contínua

Cozinhas solidárias, programas de transferência de renda, retomada do crescimento e valorização do salário mínimo compõem a lista de ações que contribuem para a redução da fome no país. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

No Brasil, 24,4 milhões de pessoas deixaram a situação de fome em 2023. O número de pessoas que enfrentam a insegurança alimentar e nutricional grave passou de 33,1 milhões em 2022 (15,5% da população) para 8,7 milhões em 2023 (4,1%). Isso representa queda de 11,4 pontos percentuais numa projeção feita a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada nesta quinta-feira, 25 de abril, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula” Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome

Na coletiva de imprensa para divulgação do estudo, o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), avaliou que o avanço é resultado do esforço federal em retomar e reestruturar políticas de redução da fome e da pobreza. “O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula”, disse.

Para o ministro, o grande desafio agora é incluir essas 8,7 milhões de pessoas que ainda estão em insegurança alimentar grave em políticas de transferência de renda e de acesso à alimentação. “Vamos fortalecer ainda mais a Busca Ativa”, completou Dias, em referência ao trabalho para identificar e incluir em programas sociais as pessoas que mais precisam.

PESQUISA — As informações divulgadas nesta quinta são referentes ao quarto trimestre do ano passado. Foram obtidas por meio do questionário da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). O ministro lembrou que o governo passado não deu condições ao IBGE para realizar a pesquisa. Por isso, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) aplicou o EBIA com metodologia similar à do IBGE em 2022, quando o Brasil enfrentava a pandemia de Covid-19 e um cenário de desmonte de políticas, agravado por inflação de alimentos, desemprego, endividamento e ausência de estratégias de proteção social. Esse estudo chegou ao número de 33,1 milhões de pessoas em segurança alimentar grave na época.

A secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, Valéria Burity, lembra que mesmo em comparação aos resultados de 2018, último ano em que o IBGE fez o levantamento formal, os números apresentados nesta quinta são positivos. À época havia 4,6% de domicílios em insegurança alimentar grave. Agora são 4,1%, o segundo melhor resultado em toda a série histórica do EBIA.

“Estamos falando de mais de 20 milhões de pessoas que hoje conseguem acesso à alimentação e estão livres da fome. Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que vem sendo empreendida pelo governo, que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda”.

Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda” Valéria Burity, secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS 

Valéria também destacou como ponto importante da estratégia de combate à fome a retomada da governança de segurança alimentar pelo Governo Federal, com garantia de participação social. “O presidente Lula e o ministro Wellington foram responsáveis pela retomada do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional, a restituição do Conselho de Segurança Alimentar e da Câmara de Segurança Alimentar, com 24 ministérios que têm a missão de articular políticas dessa área. E, no fim do ano passado, foi realizada a Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional”, relatou.

A secretária nacional de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único do MDS, Letícia Bartholo, ressaltou o retorno da parceria do governo com o IBGE. “Depois do período da fila do osso, em que o Brasil viveu muita miséria e fome, uma das primeiras ações do MDS nessa nova gestão foi buscar o IBGE para retomar a parceria e medir a insegurança alimentar dos brasileiros”, recordou.

SUBINDO – A proporção de domicílios em segurança alimentar atingiu nível máximo em 2013, (77,4%), tempo em que o país deixou o Mapa da Fome, mas caiu em 2017-2018 (63,3%). Em 2023, subiu para 72,4%. “Após a tendência de aumento da segurança alimentar nos anos de 2004, 2009 e 2013, os dados obtidos em 2017-2018 foram marcados pela redução no predomínio de domicílios particulares que tinham acesso à alimentação adequada. Em 2023 aconteceu o contrário, ou seja, houve aumento da proporção de domicílios em segurança alimentar, assim como redução na proporção de todos os graus de insegurança alimentar”, explicou André Martins, analista da pesquisa.

 

Dados apontam a evolução da segurança alimentar no Brasil

 

NOVO BOLSA FAMÍLIA — Entre os fatores que contribuíram para o avanço apontado pela pesquisa do IBGE, está o novo Bolsa Família, lançado em março de 2023, que garante uma renda mínima de R$ 600 por domicílio. O programa incluiu em sua cesta o Benefício Primeira Infância, um adicional de R$ 150 por criança de zero a seis anos na composição familiar. O novo modelo, com foco na primeira infância, reduziu a 91,7% a pobreza nesta faixa etária. A nova versão do programa inclui, ainda, um adicional de R$ 50 para gestantes, mães em fase de amamentação e crianças de sete a 18 anos.

BPC – O ministro Wellington Dias também ressaltou a proteção social gerada pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante um salário mínimo para pessoas aposentadas, pensionistas e com deficiência em situação de vulnerabilidade social. “Vale mencionar que o efeito econômico da Previdência e do BPC foi potencializado pelo esforço administrativo de reduzir as filas de espera para acesso aos benefícios”, disse.

MERENDA – Outra política de combate à pobreza e à fome, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) garante refeições diárias a 40 milhões de estudantes da rede pública em todo o país e foi reajustado em 2023, após cinco anos sem aumento.

PAA – O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é um dos 80 programas e ações que compõem a estratégia do Plano Brasil Sem Fome. Ele assegura produção e renda aos agricultores familiares, com compra direta dos produtos para serem distribuídos na rede socioassistencial, de saúde, educação e outros equipamentos públicos. Com a participação de 24 ministérios, o Plano cria instrumentos para promover a alimentação saudável contra diversas formas de má nutrição.

ECONOMIA – No cenário macroeconômico, houve um crescimento do PIB de 2,9% e o IPCA calculado para o grupo de alimentos caiu de 11,6% em 2022 para 1,03% em 2023. É a menor taxa desde 2017.  O mercado de trabalho ganhou força e a taxa de desemprego caiu de 9,6%, em 2022, para 7,8% no ano seguinte. A massa mensal de rendimento recebido de todos os trabalhadores alcançou R$ 295,6 bilhões, maior valor da série histórica da PNAD-C.

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