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Máscaras: fetiches e fantasmagorias estreia no Paço das Artes em SP

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Estreia hoje (27) no Paço das Artes, na capital paulista, a mostra Máscaras: fetiches e fantasmagorias, uma exposição que reúne pinturas, esculturas e instalações que estimulam a reflexão em torno de representações de corpos e objetos, personagens da história da arte, costumes e práticas da sociedade. A exposição coletiva conta com trabalhos dos artistas André Azevedo, Denilson Baniwa, Panmela Castro, Gustavo von Ha, Adão Iturrusgarai, Niobe Xandó, Leonilson, Giuseppe Capogrossi, Luisa Paraguai, Letícia Parente, Gretta Sarfaty, Antony Gormley, Martha Araújo, Efigênia Rolim, Gustavo Torrezan e Leonilson.

Organizada a partir de eixos que se entrecruzam e se sobrepõem, as obras dialogam com símbolos e têm por objetivo desorganizar, desconstruir e questionar as representações e a finalidade de objetos do cotidiano. A mostra também apresenta os conceitos das máscaras, fetiches, fantasmagorias ao longo da história.

De acordo com a curadora da exposição, Mirtes Marins de Oliveira, a mostra foi pensada dentro da ideia de que os objetos ganham uma dimensão e um aspecto ilusório para além do que são de fato. “Acho que o circuito de arte prima por essa situação. A gente vai na exposição por causa do nome do artista e chega lá objeto pode não ser tão emocionante quanto nós pensamos, mas o que vale é a qualidade fetichista que as obras de arte evocam”, disse.

Mirtes ressaltou ainda que no contexto da pandemia ela percebeu que as máscaras também são um tipo de artefato que pode se alinhar a essa relação que o ser humano tem com os objetos e as reações que podem causar nos diferentes públicos. “Eu comecei a elaborar isso tentando entender o que era isso nas exposições e a me aproximar e verificar obras e artistas que trabalham muito nesse jogo da ilusão criticando, enfatizando ou propondo outros mundos ilusórios”, explicou.

A curadora afirmou ainda que a exposição quer provocar nas pessoas a reflexão sobre o que as leva às exposições, a partir da noção de uma máscara ou um objeto que está no lugar de outro e que ao mesmo tempo provoca um pensamento sobre um novo mundo no caso do fetiche. “Acho que na máscara principalmente, o fato dela esconder e revelar ao mesmo tempo num certo sentido faz com que a gente ao olhar para a máscara mais imagine o que está escondendo e o que ela representa do que propriamente o que ela é”.

Destaques

Entre os destaques está o curta-metragem autobiográfico Penumbra de Panmela Castro. A artista visual, ativista, grafiteira e performer registrou neste trabalho noites de solidão em seu ateliê durante a quarentena de 2020, apresentando o desdobramento de um grave problema social: o racismo.

Na performance Pajé Onça o artista visual e comunicador do Movimento Indígena Amazônico, Denilson Baniwa, revela a conexão do nosso universo com outros mundos (dos animais, das plantas e do invisível), guiado pelo pajé Maliri, membro mais forte e com maior conhecimento do povo Baniwa.

A pintora, artista multimídia com foco em fotografia e performance, Gretta Sarfaty apresenta a série de fotografias Auto-Fotos I, II e III. A artista busca questionar a representação do corpo como um lugar de transformação e passagem, além de abordar questões de certos regimes visuais.

Cartunista, humorista, escritor e artista visual, Adão Iturrusgarai, integra a exposição com a série Fetiche (Carros). As pinturas exibem veículos e máquinas, emblemas de força, rapidez e empoderamento, que se fundem aos corpos e as características humanas.

Também merece destaque a instalação Cast Iron na qual Antony Gormley representa um triplo fascínio e ponto de inflexão sobre os corpos na história da arte ocidental, a conexão com meditações filosóficas sobre futuros planetários e o de sua inserção em circuito mundial. O mesmo acontece com o artista Leonilson, cuja obra afetiva e existencial, marcada pela tragédia geracional do HIV, materializa o desejo de transcendência do tempo mundano por meio de símbolos extraídos da iconografia católica.

Já o artista, pesquisador, educador, Gustavo Torrezan exibe a escultura Bandeirante. O trabalho associa dois momentos da história: as recentes manifestações patrióticas ocorridas desde o segundo mandato da primeira presidenta eleita, cujos manifestantes fazem uso da camiseta amarela da equipe de futebol, com o bandeirantismo, quando colonizadores faziam uso de cavalos para assolar os povos originários.

A visitação será de terça a sábado das 11h às 19h, domingos e feriados das 12h às 18h, com entrada gratuita. O espaço segue os protocolos das autoridades sanitárias de controle à pandemia.

Edição: Aline Leal

Fonte: EBC Geral

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Ação Social

No primeiro ano de governo, 24,4 milhões deixam de passar fome

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Insegurança alimentar e nutricional grave cai 11,4 pontos percentuais em 2023, numa projeção a partir de informações da Escala Brasileira de Segurança Alimentar (EBIA), divulgada pelo IBGE com base na PNAD Contínua

Cozinhas solidárias, programas de transferência de renda, retomada do crescimento e valorização do salário mínimo compõem a lista de ações que contribuem para a redução da fome no país. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

No Brasil, 24,4 milhões de pessoas deixaram a situação de fome em 2023. O número de pessoas que enfrentam a insegurança alimentar e nutricional grave passou de 33,1 milhões em 2022 (15,5% da população) para 8,7 milhões em 2023 (4,1%). Isso representa queda de 11,4 pontos percentuais numa projeção feita a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada nesta quinta-feira, 25 de abril, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula” Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome

Na coletiva de imprensa para divulgação do estudo, o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), avaliou que o avanço é resultado do esforço federal em retomar e reestruturar políticas de redução da fome e da pobreza. “O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula”, disse.

Para o ministro, o grande desafio agora é incluir essas 8,7 milhões de pessoas que ainda estão em insegurança alimentar grave em políticas de transferência de renda e de acesso à alimentação. “Vamos fortalecer ainda mais a Busca Ativa”, completou Dias, em referência ao trabalho para identificar e incluir em programas sociais as pessoas que mais precisam.

PESQUISA — As informações divulgadas nesta quinta são referentes ao quarto trimestre do ano passado. Foram obtidas por meio do questionário da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). O ministro lembrou que o governo passado não deu condições ao IBGE para realizar a pesquisa. Por isso, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) aplicou o EBIA com metodologia similar à do IBGE em 2022, quando o Brasil enfrentava a pandemia de Covid-19 e um cenário de desmonte de políticas, agravado por inflação de alimentos, desemprego, endividamento e ausência de estratégias de proteção social. Esse estudo chegou ao número de 33,1 milhões de pessoas em segurança alimentar grave na época.

A secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, Valéria Burity, lembra que mesmo em comparação aos resultados de 2018, último ano em que o IBGE fez o levantamento formal, os números apresentados nesta quinta são positivos. À época havia 4,6% de domicílios em insegurança alimentar grave. Agora são 4,1%, o segundo melhor resultado em toda a série histórica do EBIA.

“Estamos falando de mais de 20 milhões de pessoas que hoje conseguem acesso à alimentação e estão livres da fome. Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que vem sendo empreendida pelo governo, que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda”.

Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda” Valéria Burity, secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS 

Valéria também destacou como ponto importante da estratégia de combate à fome a retomada da governança de segurança alimentar pelo Governo Federal, com garantia de participação social. “O presidente Lula e o ministro Wellington foram responsáveis pela retomada do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional, a restituição do Conselho de Segurança Alimentar e da Câmara de Segurança Alimentar, com 24 ministérios que têm a missão de articular políticas dessa área. E, no fim do ano passado, foi realizada a Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional”, relatou.

A secretária nacional de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único do MDS, Letícia Bartholo, ressaltou o retorno da parceria do governo com o IBGE. “Depois do período da fila do osso, em que o Brasil viveu muita miséria e fome, uma das primeiras ações do MDS nessa nova gestão foi buscar o IBGE para retomar a parceria e medir a insegurança alimentar dos brasileiros”, recordou.

SUBINDO – A proporção de domicílios em segurança alimentar atingiu nível máximo em 2013, (77,4%), tempo em que o país deixou o Mapa da Fome, mas caiu em 2017-2018 (63,3%). Em 2023, subiu para 72,4%. “Após a tendência de aumento da segurança alimentar nos anos de 2004, 2009 e 2013, os dados obtidos em 2017-2018 foram marcados pela redução no predomínio de domicílios particulares que tinham acesso à alimentação adequada. Em 2023 aconteceu o contrário, ou seja, houve aumento da proporção de domicílios em segurança alimentar, assim como redução na proporção de todos os graus de insegurança alimentar”, explicou André Martins, analista da pesquisa.

 

Dados apontam a evolução da segurança alimentar no Brasil

 

NOVO BOLSA FAMÍLIA — Entre os fatores que contribuíram para o avanço apontado pela pesquisa do IBGE, está o novo Bolsa Família, lançado em março de 2023, que garante uma renda mínima de R$ 600 por domicílio. O programa incluiu em sua cesta o Benefício Primeira Infância, um adicional de R$ 150 por criança de zero a seis anos na composição familiar. O novo modelo, com foco na primeira infância, reduziu a 91,7% a pobreza nesta faixa etária. A nova versão do programa inclui, ainda, um adicional de R$ 50 para gestantes, mães em fase de amamentação e crianças de sete a 18 anos.

BPC – O ministro Wellington Dias também ressaltou a proteção social gerada pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante um salário mínimo para pessoas aposentadas, pensionistas e com deficiência em situação de vulnerabilidade social. “Vale mencionar que o efeito econômico da Previdência e do BPC foi potencializado pelo esforço administrativo de reduzir as filas de espera para acesso aos benefícios”, disse.

MERENDA – Outra política de combate à pobreza e à fome, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) garante refeições diárias a 40 milhões de estudantes da rede pública em todo o país e foi reajustado em 2023, após cinco anos sem aumento.

PAA – O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é um dos 80 programas e ações que compõem a estratégia do Plano Brasil Sem Fome. Ele assegura produção e renda aos agricultores familiares, com compra direta dos produtos para serem distribuídos na rede socioassistencial, de saúde, educação e outros equipamentos públicos. Com a participação de 24 ministérios, o Plano cria instrumentos para promover a alimentação saudável contra diversas formas de má nutrição.

ECONOMIA – No cenário macroeconômico, houve um crescimento do PIB de 2,9% e o IPCA calculado para o grupo de alimentos caiu de 11,6% em 2022 para 1,03% em 2023. É a menor taxa desde 2017.  O mercado de trabalho ganhou força e a taxa de desemprego caiu de 9,6%, em 2022, para 7,8% no ano seguinte. A massa mensal de rendimento recebido de todos os trabalhadores alcançou R$ 295,6 bilhões, maior valor da série histórica da PNAD-C.

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