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Justiça do Trabalho condena usina da região de Araraquara por danos morais e materiais

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A viúva do motorista Luceir Bispo Martins, Sirlene Batista da Cruz, obteve vitória judicial no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª Região contra o grupo São Martinho, sediado no município Américo Brasiliense (região de Araraquara-SP), pela morte do trabalhador Luceir Bispo Martins, ocorrida há 18 meses. A 1ª Vara do Trabalho de Araraquara (SP), através da Juiza Substituta Camila Machado, condenou a empresa por dano material e dano moral pelo acidente que tirou a vida de Luceir Bispo, que faleceu em 6 de maio de 2020, quando o caminhão em que dirigia da Usina Santa Cruz, do grupo São Martinho, tombou durante a última viagem que o trabalhador fazia antes de concluir a jornada do trabalho. A condenação da usina ocorreu há cerca de 30 dias através de sentença prolatada pela juíza do Trabalho.

A defesa da família, representada pelo advogado especialista em indenizações e Direito da Família Eduardo Lemos Barbosa, afirmou que a sentença “comprova, sem dúvida alguma, a culpabilidade da usina pelo acidente que vitimou Juceir”, uma vez que os pedidos de indenização por danos materiais e morais requeridos na petição inicial foram julgados procedentes. “Vamos recorrer agora na elevação dos valores na condenação por dano moral”, adiantou o advogado Eduardo Barbosa, destacando que a usina também “foi condenada por litigância de má fé”. “Foi uma decisão extremamente importante para a família, que não recebeu nenhum auxílio ou apoio da empresa”, acrescentou o advogado.

Um dos motivos que levaram a família a mover uma ação indenizatória na Justiça do Trabalho foi, de acordo com o advogado de defesa Eduardo Babosa, a omissão da empresa, que não teria comunicado o acidente às autoridades. A queixa foi feita na unidade policial pelo irmão mais novo da vítima. A cena do acidente foi alterada, segundo a família: a empresa retirou o veículo antes da perícia técnica chegar ao local e o levou para o pátio da Usina Santa Cruz. Isso, de acordo com os familiares, ocasionou na impossibilidade de o laudo da Polícia Civil ter sido feito de forma adequada, atrapalhando o curso das investigações, uma vez que o laudo permaneceu inconclusivo meses depois do acidente.

No processo consta a declaração da empresa de que o motorista estaria estacionado em local errado, o que não pode ser comprovado, de acordo com a família e pelo que aponta o próprio laudo técnico, uma vez que, quando as autoridades chegaram ao local, não puderam visualizar o veículo e analisar as causas do acidente.

O ACIDENTE

No dia 6 de maio de 2020, às 5H30, Luceir Bispo Martins fazia sua última viagem, a bordo de um caminhão bi-trem da Usina Santa Cruz, carregado de vinhaça. O acidente aconteceu na estrada rural da Fazenda Paraíso e o motorista foi encontrado com vida. Luceir foi resgatado para o Hospital São Francisco, em Araraquara, mas não resistiu a gravidade dos ferimentos e faleceu. Luceir possuía comorbidades, sendo do grupo de risco, e estava trabalhando presencialmente durante um dos períodos mais severos da pandemia.

A viúva Sirlene Batista da Cruz era casada com Luceir há 30 anos. Juntos, eles tentavam administrar os recursos recebidos pelo marido e estavam em busca de construir a casa própria, mas os sonhos foram interrompidos. Hoje, os dois filhos do casal, Jenifer, de 24 anos, com quem a mãe mora, e Jeferson, de 30 anos, que é casado e mora próximo à mãe e à irmã, trabalham na cidade e vivem com dificuldades financeiras após a morte do pai.

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Ação Social

No primeiro ano de governo, 24,4 milhões deixam de passar fome

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Insegurança alimentar e nutricional grave cai 11,4 pontos percentuais em 2023, numa projeção a partir de informações da Escala Brasileira de Segurança Alimentar (EBIA), divulgada pelo IBGE com base na PNAD Contínua

Cozinhas solidárias, programas de transferência de renda, retomada do crescimento e valorização do salário mínimo compõem a lista de ações que contribuem para a redução da fome no país. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

No Brasil, 24,4 milhões de pessoas deixaram a situação de fome em 2023. O número de pessoas que enfrentam a insegurança alimentar e nutricional grave passou de 33,1 milhões em 2022 (15,5% da população) para 8,7 milhões em 2023 (4,1%). Isso representa queda de 11,4 pontos percentuais numa projeção feita a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada nesta quinta-feira, 25 de abril, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula” Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome

Na coletiva de imprensa para divulgação do estudo, o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), avaliou que o avanço é resultado do esforço federal em retomar e reestruturar políticas de redução da fome e da pobreza. “O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula”, disse.

Para o ministro, o grande desafio agora é incluir essas 8,7 milhões de pessoas que ainda estão em insegurança alimentar grave em políticas de transferência de renda e de acesso à alimentação. “Vamos fortalecer ainda mais a Busca Ativa”, completou Dias, em referência ao trabalho para identificar e incluir em programas sociais as pessoas que mais precisam.

PESQUISA — As informações divulgadas nesta quinta são referentes ao quarto trimestre do ano passado. Foram obtidas por meio do questionário da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). O ministro lembrou que o governo passado não deu condições ao IBGE para realizar a pesquisa. Por isso, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) aplicou o EBIA com metodologia similar à do IBGE em 2022, quando o Brasil enfrentava a pandemia de Covid-19 e um cenário de desmonte de políticas, agravado por inflação de alimentos, desemprego, endividamento e ausência de estratégias de proteção social. Esse estudo chegou ao número de 33,1 milhões de pessoas em segurança alimentar grave na época.

A secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, Valéria Burity, lembra que mesmo em comparação aos resultados de 2018, último ano em que o IBGE fez o levantamento formal, os números apresentados nesta quinta são positivos. À época havia 4,6% de domicílios em insegurança alimentar grave. Agora são 4,1%, o segundo melhor resultado em toda a série histórica do EBIA.

“Estamos falando de mais de 20 milhões de pessoas que hoje conseguem acesso à alimentação e estão livres da fome. Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que vem sendo empreendida pelo governo, que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda”.

Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda” Valéria Burity, secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS 

Valéria também destacou como ponto importante da estratégia de combate à fome a retomada da governança de segurança alimentar pelo Governo Federal, com garantia de participação social. “O presidente Lula e o ministro Wellington foram responsáveis pela retomada do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional, a restituição do Conselho de Segurança Alimentar e da Câmara de Segurança Alimentar, com 24 ministérios que têm a missão de articular políticas dessa área. E, no fim do ano passado, foi realizada a Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional”, relatou.

A secretária nacional de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único do MDS, Letícia Bartholo, ressaltou o retorno da parceria do governo com o IBGE. “Depois do período da fila do osso, em que o Brasil viveu muita miséria e fome, uma das primeiras ações do MDS nessa nova gestão foi buscar o IBGE para retomar a parceria e medir a insegurança alimentar dos brasileiros”, recordou.

SUBINDO – A proporção de domicílios em segurança alimentar atingiu nível máximo em 2013, (77,4%), tempo em que o país deixou o Mapa da Fome, mas caiu em 2017-2018 (63,3%). Em 2023, subiu para 72,4%. “Após a tendência de aumento da segurança alimentar nos anos de 2004, 2009 e 2013, os dados obtidos em 2017-2018 foram marcados pela redução no predomínio de domicílios particulares que tinham acesso à alimentação adequada. Em 2023 aconteceu o contrário, ou seja, houve aumento da proporção de domicílios em segurança alimentar, assim como redução na proporção de todos os graus de insegurança alimentar”, explicou André Martins, analista da pesquisa.

 

Dados apontam a evolução da segurança alimentar no Brasil

 

NOVO BOLSA FAMÍLIA — Entre os fatores que contribuíram para o avanço apontado pela pesquisa do IBGE, está o novo Bolsa Família, lançado em março de 2023, que garante uma renda mínima de R$ 600 por domicílio. O programa incluiu em sua cesta o Benefício Primeira Infância, um adicional de R$ 150 por criança de zero a seis anos na composição familiar. O novo modelo, com foco na primeira infância, reduziu a 91,7% a pobreza nesta faixa etária. A nova versão do programa inclui, ainda, um adicional de R$ 50 para gestantes, mães em fase de amamentação e crianças de sete a 18 anos.

BPC – O ministro Wellington Dias também ressaltou a proteção social gerada pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante um salário mínimo para pessoas aposentadas, pensionistas e com deficiência em situação de vulnerabilidade social. “Vale mencionar que o efeito econômico da Previdência e do BPC foi potencializado pelo esforço administrativo de reduzir as filas de espera para acesso aos benefícios”, disse.

MERENDA – Outra política de combate à pobreza e à fome, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) garante refeições diárias a 40 milhões de estudantes da rede pública em todo o país e foi reajustado em 2023, após cinco anos sem aumento.

PAA – O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é um dos 80 programas e ações que compõem a estratégia do Plano Brasil Sem Fome. Ele assegura produção e renda aos agricultores familiares, com compra direta dos produtos para serem distribuídos na rede socioassistencial, de saúde, educação e outros equipamentos públicos. Com a participação de 24 ministérios, o Plano cria instrumentos para promover a alimentação saudável contra diversas formas de má nutrição.

ECONOMIA – No cenário macroeconômico, houve um crescimento do PIB de 2,9% e o IPCA calculado para o grupo de alimentos caiu de 11,6% em 2022 para 1,03% em 2023. É a menor taxa desde 2017.  O mercado de trabalho ganhou força e a taxa de desemprego caiu de 9,6%, em 2022, para 7,8% no ano seguinte. A massa mensal de rendimento recebido de todos os trabalhadores alcançou R$ 295,6 bilhões, maior valor da série histórica da PNAD-C.

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