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RJ: prédio histórico da estação Leopoldina terá reforma parcial

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O histórico prédio da Estação Barão de Mauá, conhecido como Estação Leopoldina, na área central do Rio de Janeiro, vai passar por uma reforma parcial. O acordo judicial entre o Ministério Público Federal (MPF) e a concessionária SuperVia, que opera as linhas de trem urbano, foi assinado na semana passada.

O prédio pertence à União e ao estado do Rio de Janeiro e, pelos termos do contrato de concessão, a SuperVia é responsável pela gare, que corresponde à área de embarque da estação, e pelo pátio com quatro plataformas de embarque. O acordo prevê a reforma da gare e das plataformas da estação, inaugurada em 1926.

Segundo o MPF, em março a Secretaria de Patrimônio da União contratou empresa para elaborar o projeto básico de reforma e restauro do prédio principal, que já foi apresentado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), já que o prédio foi tombado em 2008.

O procurador da República Sergio Gardenghi Suiama, responsável pela ação civil pública, ressaltou que, com o acordo, será possível devolver a estação para uso da comunidade.

“O acordo garante não apenas a reforma da gare e das plataformas da Estação Leopoldina, mas também, e principalmente, a transformação do espaço em um centro cultural, contemplando a história do sistema ferroviário. A transformação de antigas estações de trem em espaços culturais e de lazer é uma tendência em todo o mundo. Esperamos que, em alguns meses, o triste cenário atual de degradação de um imóvel histórico tão relevante para a história da cidade e do país seja substituído por outro no qual a população possa dispor de mais um equipamento cultural na cidade”.

Obras

A SuperVia informou que as obras começam após a aprovação do projeto pelo Iphan e a previsão é que o trabalho dure 12 meses. O diretor-presidente da SuperVia, Antonio Carlos Sanches, destacou a importância histórica do local.

“A estação Leopoldina faz parte de um dos melhores capítulos da história do Rio de Janeiro e do país. Esperamos que o nosso projeto ajude a resgatar a memória desse período em que o país depositou grande expectativa no seu futuro com o início do processo de industrialização”.

De acordo com a SuperVia, os pisos e revestimentos centenários das plataformas serão recuperados e as estruturas em concreto armado, pilares e laje de cobertura passarão por reparos e impermeabilização. Também serão instaladas novas redes de iluminação na gare e nas plataformas e de tratamento das águas pluviais.

A gare terá o piso, as fachadas internas e as esquadrias revitalizadas. As telhas e o forro interno da cobertura serão substituídos e a estrutura recuperada. Os dois banheiros públicos serão readequados e colocados em operação. Também será instalado um sistema de proteção de descargas atmosféricas e adequação das instalações de combate a incêndio.

De acordo com o Iphan, existem atualmente dois projetos para a recuperação da Estação Leopoldina. O primeiro, um projeto emergencial de intervenções, foi aprovado pelo Iphan e contemplado pelo Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). O segundo foi protocolado pela SuperVia este ano e está sendo analisado “com prioridade” pelo Instituto.

“Cabe esclarecer que parte da edificação está sob concessão da Supervia. A estação está sob responsabilidade do Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), vinculada ao Ministério da Economia. O Iphan vem acompanhando de perto a situação deste bem cultural e destaca a importância do monumento não apenas para o Rio de Janeiro, mas também para o Patrimônio Cultural Brasileiro”, informou o órgão.

Estação

O projeto da estação Barão de Mauá é do arquiteto inglês Robert Prentice, inspirada na Estação Victoria, de Londres. Inaugurada em 1926, a gare oferecia serviços como cafeteria, barbeiro, engraxate, charutaria e agência bancária.

Os passageiros embarcavam para locais como Vila Inhomirim, Guapimirim, Petrópolis, Friburgo e Campos, no estado do Rio de Janeiro, e também para fora do estado, como Vitória e Zona da Mata de Minas Gerais.

Entre 1994 e 1998, a estação operou o famoso Trem de Prata, que fazia o trajeto Rio – São Paulo. A SuperVia deixou de operar trens na estação Barão de Mauá em 2001, mas até 2015 o local chegou a ser utilizado para eventos culturais.

Desde então, o espaço está fechado ao público, com a fachada deteriorada e tomada por pichações.

A Estação Barão de Mauá-Leopoldina foi tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) em 1991 e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2008, incluída na Lista do Patrimônio Cultural Ferroviário.

Membros da Sociedade Memorial Visconde de Mauá dão abraço simbólico pedindo a recuperação da Estação Leopoldina, em Santo Cristo, no Rio de Janeiro. Membros da Sociedade Memorial Visconde de Mauá dão abraço simbólico pedindo a recuperação da Estação Leopoldina, em Santo Cristo, no Rio de Janeiro.

Reforma para recuperação da Estação Leopoldina não tem previsão de início, mas deve durar 12 meses – Tomaz Silva/Agência Brasil

Processo

O MPF alertou, em 2018, que a estação corria o risco de pegar fogo, caso não passasse por obras emergenciais, e propôs na justiça uma ação civil pública, ainda em 2013, para que o patrimônio histórico fosse restaurado.

Em setembro do ano passado, o juiz federal Paulo André Espírito Santo Bonfadini decidiu procedente o pedido do MPF e condenou os proprietários do imóvel a executar “as providências necessárias à restauração e reparo dos danos ao prédio principal e anexo, fachadas, marquises e telhados da Estação”. À SuperVia coube, de acordo com a sentença, reformar a gare e as plataformas de embarque, bem como a manutenção e limpeza do terreno.

O acordo com o MPF prevê também a instalação de um Centro Cultural que contemple a “história do sistema ferroviário como fonte principal de conhecimento, com exposição fixa de conteúdos históricos e de dados atuais da ferrovia”. Além de salas de aulas para atividades de música, dança, teatro e artesanato, um local para apresentação e um ambiente para exposição temporária.

O centro deverá ser instalado em até um ano após o término da reforma e deverá contar com um investimento mínimo de R$ 500 mil. A SuperVia também demonstrou interesse em instalar no local uma Universidade Corporativa, para cursos de capacitação dos funcionários com treinamentos, palestras e cursos como auxiliar de maquinista, maquinista e controlador.

O acordo reconheceu que os trens, vagões e demais bens móveis que se encontram na estação não são responsabilidade da SuperVia.

Edição: Denise Griesinger

Fonte: EBC Geral

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Confira estados e municípios contemplados na seleção do Minha Casa, Minha Vida Rural e Entidades

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Foram selecionadas 37 mil unidades habitacionais na modalidade Entidades e 75 mil na Rural

Confira o resultado das seleções de duas modalidades do Minha Casa Minha Vida: Entidades e Rural, anunciado nesta quarta-feira, 10 de abril, em evento no Palácio do Planalto. As modalidades têm por objetivo oferecer moradia para a população urbana organizada e para agricultores familiares, povos indígenas, integrantes de comunidades remanescentes de quilombos rurais e povos e comunidades tradicionais residentes em áreas rurais.

As Seleções do MCMV Entidades e Rural foram realizadas por meio das portarias MCID Nº 743, de 20 de junho de 2023 e MCID nº 862, de 4 de julho de 2023. Entidades organizadas de Movimentos Sociais, prefeituras e governos estaduais enviaram propostas que foram analisadas e selecionadas de acordo com os critérios previstos nas portarias de seleção.

 

Principais números do Minha Casa, Minha Vida

Foram selecionadas 37 mil unidades habitacionais na modalidade MCMV Entidades com investimentos totais previstos de R$ 6 bilhões. Na modalidade MCMV Rural a seleção contempla 75 mil unidades habitacionais com investimentos totais previstos de R$ 5,6 bilhões.

 

ENTIDADES –  A modalidade concede financiamento subsidiado a pessoas físicas para produção de unidades habitacionais para famílias residentes em áreas urbanas. As entidades devem estar organizadas por meio de entidades privadas sem fins lucrativos. É realizado com recursos do Fundo de Desenvolvimento Social (FDS).

RURAL – Subsidia a produção ou a melhoria de unidades habitacionais para agricultores familiares, trabalhadores rurais e famílias residentes em área rural. O programa pode ser acessado em duas modalidades: subsidiado e financiado. A modalidade subsidiada, objeto desta seleção, é operada com recursos do Orçamento Geral da União. O MCMV Entidades atende famílias com renda mensal de até R$ 4.400,00 em áreas urbanas; e o MCMV Rural – Faixa 1, objeto da presente seleção, atende famílias com renda anual de até R$ 31.680,00, em áreas rurais.

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