Economia
Pretos e pardos têm maior perda de qualidade de vida que brancos
O Índice de Perda de Qualidade de Vida (IPQV) no Brasil era de 0,158 entre 2017 e 2018. Este índice multidimensional foi apresentado hoje (26) pela primeira vez pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Rio de Janeiro.
Ele representa mais uma dimensão da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2017-2018), trazendo agora os Indicadores de Qualidade de Vida.
Os novos indicadores seguem recomendações da Organização das Nações Unidas (ONU) e utilizam uma série de variáveis da pesquisa 2017-2018. As medidas vão de zero a um, sendo que, quanto mais perto de zero, menor a perda.
O IPQV leva em consideração 50 indicadores relativos a moradias, serviços de utilidade pública, alimentação e saúde, educação, acesso a serviços financeiros e padrão de vida, lazer e transporte.
O IPQV para pessoa preta ou parda é 0,185 e para pessoa branca, 0,123. “Quando os subgrupos da população são definidos pelas características da família, nos casos em que a pessoa de referência se declarou branca, o valor do IPQV foi de 0,123, notadamente menor que o valor Brasil. Já para a parcela da população em que a pessoa de referência se declarou preta ou parda, o IPQV foi de 0,185, ou seja 17% maior que o valor nacional”, informou o IBGE.
Ensino superior completo
Já o índice da perda da qualidade de vida de quem tem ensino superior completo é bem menor de quem não tem instrução. “Quando consideramos a escolaridade, o principal destaque está no subgrupo com pessoa de referência sem instrução, em que o IPQV foi de 0,255, ou seja,1,6 vezes o valor Brasil. No subgrupo com pessoa de referência com nível superior completo, o índice foi de 0,076, menos da metade do valor Brasil”, revelou a pesquisa.
Famílias cuja pessoa de referência era homem apresentaram menor perda de qualidade de vida, com um IPQV de 0,151, contra 0,169 nas famílias lideradas por mulheres.
A faixa com menor perda de qualidade de vida concentrava 13,7% da população e a faixa com mais perdas, 10,3%. A maior parte dos brasileiros se encontra na zona intermediária de qualidade de vida.
Na área rural, a perda era maior do que a média nacional (1,5 vez mais) do que na área urbana (1,7 vez mais). Cerca de 15% dos brasileiros viviam em área rural e essa parcela da população contribuiu com quase um quarto do valor do IPQV Brasil.
“No que tange aos estratos geográficos, na área rural o IPQV foi de 0,246, ou seja, cerca de 1,5 vezes o valor para o Brasil. No que se refere a grandes regiões, Sul (0,115) e Sudeste (0,127) tiveram um IPQV menor que o nacional, enquanto Norte (0,225) e Nordeste (0,209) apresentaram os maiores resultados para este índice”, afirmou o levantamento.
Desempenho econômico
Um segundo índice que mede o desempenho socioeconômico também foi divulgado hoje pela primeira vez. O Índice de Desempenho Socioeconômico (IDS) incorpora a renda e as perdas de qualidade de vida em nove dimensões (renda, moradia, acesso aos serviços de utilidade pública, saúde, educação, acesso aos serviços financeiros e padrão de vida, alimentação, transporte e lazer e viagens).
No período analisado pela pesquisa 2017-2018, o IDS do Brasil era de 6,201. O Distrito Federal (6,970) e São Paulo (6,869) tinham os maiores índices e Maranhão (4,897) e Pará (5,099), os menores.
Edição: Kleber Sampaio
Economia
Caiado propõe indexação da dívida dos estados a IPCA mais 1%
Encontro de governadores e representantes de cincos estados com o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, em Brasília, resulta em acordo para apresentação de proposta de reajuste no IPCA ao Ministério da Fazenda
O governador Ronaldo Caiado apresentou nesta segunda-feira (15/04) propostas para renegociação das dívidas dos estados, com foco na indexação. A reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em Brasília, contou com a participação de governadores e representantes de outros quatro estados. No encontro ficou acordado que os governadores vão propor ao Ministério da Fazenda a correção das dívidas pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 1% ao ano.
“O que nós estamos pedindo são indexadores justos e uma renegociação também para que haja flexibilização no teto de investimento e não sejamos engessados, como está hoje a maioria dos estados brasileiros”, pontuou Caiado ao final do encontro.
O indexador da dívida atualmente é o CAM que, somado a mais 4% de juros ao ano, dá a taxa Selic de 11% ao ano. Já a proposta apresentada pelo gestor goiano, em parceria com os governadores Cláudio Castro (RJ), Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema, (MG), além do vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, visa a redução do indexador para IPCA mais 1% ao ano, tornando o índice mais vantajoso para a correção dos valores devidos pelos estados à União, possibilitando o investimento em outras áreas.
Ronaldo Caiado ressaltou que dívidas acrescidas por indexadores extorsivos inviabilizam o investimento nos estados. “O parcelamento da dívida chega a percentuais que impossibilitam investir em infraestrutura. Os entes federativos estão imobilizados devido a essas correções das dívidas que chegam a níveis estratosféricos, não restando nada para que os governos possam atender à necessidade de crescimento”, disse.
“Temos que exigir responsabilidade fiscal dos estados, mas também ficar bloqueado com teto de gastos e com esse indexador, com a dívida sendo reajustada nessa proporção, nos inviabiliza de caminhar”, finalizou o governador de Goiás.
A proposta discutida com o presidente do Senado prevê que os estados menos endividados poderão obter acesso a novas operações de crédito. Os que cumprirem todos os compromissos estabelecidos terão reduções de juros permanentes até o prazo final da vigência dos contratos aditivados. Ficam afastados também todos os limites e condições para a realização de operação de crédito ou para a contratação com a União nas celebrações de acordo.
O texto destaca que os estados que apresentarem boa capacidade de pagamento terão tratamento prioritário e célere quanto às análises e avaliações dos pleitos de operação de crédito. Outro item acrescenta pelo menos 50% do PIB ao teto, e exclui as despesas de saúde e educação da limitação de crescimento prevista em Regimes de Recuperação ou de Reequilíbrio Fiscal dos Estados e do Distrito Federal.
O Ministério da Fazenda deve apresentar um projeto até a próxima semana. Entretanto, o presidente do Senado convocou os governadores para ouvir suas sugestões e apresentar seus pontos de vista. Caiado ressaltou que Pacheco deve encaminhar uma proposta que seja compatível com o crescimento dos estados em breve.
Segurança
Durante o almoço, o Chefe do Executivo goiano discutiu também a possibilidade de uma contrapartida financeira às UFs por ações de segurança pública. “Estamos diante de uma luta contra a criminalidade em que assumimos o trabalho sozinhos”, argumentou Caiado, ao lembrar que os estados combatem diretamente crimes federais e não recebem compensação pela atuação das forças policiais. Além disso, os governadores colocaram em pauta a possibilidade de federalização de ativos dos estados.
Fotos: Cristiano Borges / Secretaria de Comunicação – Governo de Goiás
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