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Milhares de pessoas ficam horas em fila em busca de emprego em SP

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Em busca de trabalho, milhares de pessoas ficaram por horas em uma fila do Mutirão do Emprego no Vale do Anhangabaú, no centro da capital paulista. O mutirão foi organizado pelo Sindicato dos Comerciários de São Paulo e chegou a oferecer 10,5 mil vagas de emprego em mais de 100 empresas.

A maior parte das vagas é para serviços de telemarketing, mas também foram oferecidas colocações para açougueiro, padeiro, cozinheira e caixa, entre outros. Este foi o primeiro mutirão presencial após dois anos de pandemia de covid-19.

A primeira pessoa na fila era uma senhora de 57 anos. Ela chegou ao mutirão às 19h de ontem (15) para poder ser atendida as 8h de hoje (16), quando teve início o mutirão. Desempregada há dois anos, ela acabou sendo contratada por uma empresa prestadora de serviços para o sindicato, onde começará a trabalhar. Além dela, outras 1,3 mil pessoas também foram atendidas na manhã de hoje.

Pela manhã, a fila começava na frente do Sindicato dos Comerciários, ao lado do Shopping Light, e seguia até perto dos Correios, no Vale do Anhangabaú. À tarde, o movimento estava um pouco mais tranquilo já que foram distribuídas senhas para que algumas pessoas retornem a partir de amanhã (17) para atendimento.

Ao lado do sindicato também foram instaladas carretas onde interessados podiam se inscrever para vagas em cursos profissionalizantes gratuitos oferecidos pelo Centro Paula Souza e pelo Senac.

Cleber Rodrigues, de 40 anos, chegou às 8h da manhã para buscar um emprego. Ele já trabalhou com informática e empresas metalúrgicas até ficar desempregado há cerca de dois anos. Por volta das 12h30, ainda sem almoçar, ele continuava na fila esperando para ser atendido. “Pode ser na área de informática, indústria metalúrgica. O que vier”, disse à reportagem da Agência Brasil. “Tenho formação e experiência, então espero conseguir.” “[Ficar desempregado] é horrível porque você não tem de onde tirar o seu sustento e nem [consegue] pagar as contas”, acrescentou.

Pessoas mais jovens, como Jennifer Saito, 25 anos, também estavam na fila buscando uma oportunidade no mercado de trabalho. “Tenho ensino médio completo e ainda não terminei a faculdade de design. Já dei aulas de inglês e trabalhei como design, já fiz bicos em lojas. Fui demitida na semana passada. Trabalhava em casa, não era registrada, mas consegui um dinheirinho durante a pandemia”, afirmou. Agora, ela busca uma vaga qualquer. “Sendo bem sincera, eu aceito qualquer coisa. Acho que estamos em uma época muito complicada, então qualquer coisa que estiver vindo está bom. Estamos em um momento de crise e é muito difícil conseguir um emprego neste momento. Então não posso ficar exigindo muito.”

Cozinheira há mais de 30 anos, com experiência e formação na área, além de cuidadora, Maria Angela Gonçalves Santos, 59 anos, chegou no Anhangabaú as 7 horas da manhã. Por volta das 13h, estava próxima de ser atendida no mutirão. “Estou há dois anos fora da minha área. Era cozinheira e agora estava trabalhando de cuidadora. Os hospitais me chamavam para cuidar dos pacientes que estavam internados. Mas agora estou desempregada”, disse.

“Espero que tenha pelo menos uma vaga ou para cuidadora ou para cozinheira. Estou topando o que aparecer porque ficamos sem saída: o custo de vida está muito alto, o salário está muito defasado e aí, quanto mais você ficar desempregada, mais complicado vai ficar.” Ela vem buscando vagas há anos, mas diz que a competição no mercado de trabalho está alta. “E às vezes a pessoa quer que você troque a sua profissão. Você é cozinheira, mas querem que você pegue como ajudante. Mas você já passou dessa fase. Podem até diminuir o meu salário, mas não minha profissão”, disse ela. “Estou com esperança que eu consiga alguma coisa”, acrescentou.

Uma das pessoas que não conseguiu ser atendida hoje no mutirão, mas obteve uma senha para retornar amanhã foi Amauri Souza Costa Ferreira, 49 anos, que trabalhava como operador de empilhadeira em uma loja de departamentos. “Desde que fui mandado embora, não achei mais vaga no meu setor. Começou a crise e estou desempregado até hoje, há três anos”, afirmou.

“Quando eu cheguei ao mutirão, por volta das 11h, eles já estavam soltando senha para amanhã. Meu número é sete mil e alguma coisa. Vou voltar amanhã”, disse. Mas ele aproveitou que estava ali no Anhangabaú para se inscrever em um curso profissionalizante. “Vim procurar uns cursos para me aperfeiçoar. Procurei gastronomia, metalurgia e fotografia ligada à gastronomia”, disse ele. “Está muito difícil ser desempregado. Estou vivendo de bicos. Mas não é sempre que tem bico e, quando aparece, as pessoas querem pagar muito pouco. Com o preço das coisas, temos que ficar nos equilibrando em uma corda bamba.”

Edição: Maria Claudia

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Brasil gera 306 mil novos postos de trabalho em fevereiro e soma saldo de quase meio milhão no bimestre

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Acumulado de vagas formais em janeiro e fevereiro é de 474.614 novos postos. País tem estoque de trabalho formal de 45,99 milhões de empregos

O Brasil registrou, em fevereiro de 2024, uma forte ampliação do mercado formal de trabalho em comparação com janeiro. No segundo mês do ano, foram gerados 306.111 postos com carteira assinada, o que representa 137.608 novos empregos a mais em relação a janeiro, quando foram geradas 168.503 vagas.

O resultado de fevereiro é fruto da diferença entre o total de 2,24 milhões de pessoas admitidas e 1,94 milhão de desligamentos em todo o país. Os dados do Novo Caged foram apresentados nesta quarta-feira, 27 de março, pelo ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, em entrevista coletiva.

Com os números registrados em janeiro e fevereiro, o Brasil acumula quase meio milhão de novas vagas formais de trabalho e chega a um saldo de 474.614 empregos gerados. Em relação ao estoque total de pessoas empregadas do país, o Brasil registrou em fevereiro 45,99 milhões de postos formais, um crescimento de 1,04% em relação a fevereiro do ano passado.

Os indicadores foram positivos em todos os cinco grandes grupamentos de atividades econômicas: serviço, indústria, comércio, agropecuária e construção. Destaque para o setor de Serviços, que respondeu pela criação de 193 mil vagas.. Em seguida aparecem a Indústria (+54,4 mil), a Construção (+35 mil), o Comércio (+19,7 mil) e a Agropecuária (+3,7 mil).

ESTADOS – São Paulo foi liderou o ranking das 24 unidades da Federação cujos saldos de empregos formais gerados foi positivo em fevereiro. O estado registrou 101.163 novos postos com carteira assinada, com destaque para o setor de Serviços, que abriu 67.750 vagas. Minas Gerais, com 35,9 mil, e Paraná, com 33 mil, completam o trio dos estados com maior saldo no mês. Fevereiro foi um mês com queda para os estados da Paraíba (-9), Maranhão (-1,2 mil) e Alagoas (-2,8 mil).

ACUMULADO NO ANO – Quando somados os meses de janeiro e fevereiro de 2024, quatro dos cinco grandes grupos setores da economia registraram saldos positivos. O maior crescimento do emprego formal ocorreu no setor de Serviços, com 268,9 mil novos postos (56,7%), com destaque para atividades de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (121.233) e para as atividades de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (93.533).

A Indústria apresentou saldo de 120 mil postos de trabalho, com destaque para a fabricação de produtos alimentícios (+12,7 mil) e para a fabricação de veículos automotores (+9,9 mil); a Construção gerou 81,7 mil novos postos e a Agropecuária fechou o período com saldo de 25,7 mil. Apesar da recuperação em fevereiro, o setor do Comércio ainda registra queda no período (-21,8 mil).

Nas unidades da Federação, o maior saldo foi registrado em São Paulo, que somou quase 137,5 mil novos postos nos dois primeiros meses do ano. Santa Catarina, com saldo de 52,1 mil, e Paraná (+52 mil) completam a lista dos três estados que mais abriram vagas no bimestre.

SALÁRIOS – O salário médio real de admissão em fevereiro foi de R$ 2.082,79, com uma diminuição de (- 2,4%) em comparação com o valor de janeiro (R$ 2.133,21). Já em comparação com o mesmo mês do ano anterior, o que desconta mudanças decorrentes da sazonalidade do mês, o ganho real foi de R$ 28,29 (+1,4%).

DADOS POPULACIONAIS – No recorte por características populacionais, 159,1 mil postos gerados em fevereiro foram ocupados por pessoas do sexo feminino, enquanto 146,9 mil foram preenchidos por trabalhadores do sexo masculino.

A maior geração ocorreu para jovens entre 18 e 24 anos (+137,4 mil postos), sendo o saldo no mês positivo para pardos, com 230 mil novas vagas; brancos (+172,8 mil); pretos (+44,2 mil); amarelos (+5,4 mil) e indígenas (+2,9 mil).

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