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Dia do Artesão, comemorado em 19 de março, valoriza atividade de grande relevância econômica e cultural

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Em 19 de março, é comemorado o Dia do Artesão, data escolhida por ser dia de São José, santo reconhecido como padroeiro dos artesãos, trabalhadores de um setor responsável por movimentar cerca de R$ 50 bilhões por ano no país, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2019.

“A data é uma justa homenagem a esta importante categoria profissional. Meus cumprimentos e agradecimentos a todos e todas que se dedicam ao artesanato, levando a cultura e as tradições de Goiás para o Brasil e o mundo”, ressalta o presidente da Comissão de Turismo do Parlamento goiano, deputado Coronel Adailton (PRTB). 

O parlamentar é autor do projeto de lei nº 3879/19, que institui a Política Estadual de Incentivo à Economia Criativa, já em fase final de tramitação na Casa de Leis. “Nossa propositura defende a produção artesanal e outros correlatos”, realça Adailton.

Ao discorrer sobre a importância da data, Décio Coutinho, autoridade no setor de Economia Criativa, salienta que essa data é importante, porque os artesanato é uma profissão praticamente invisível. Coutinho é gestor de projetos com ênfase em Cultura, Turismo e Criatividade, pesquisador, professor e curador em diversas instituições, além de mestre em Gestão do Patrimônio Cultural com ênfase em Antropologia.

O gestor lembra que, muitos, pensam que fazer artesanato é apenas uma atividade para terapia, como lazer ou como hobbie. “Obviamente, isso não está descartado, mas é necessário entender que o artesanato é um importantíssimo setor econômico do Brasil.”

Décio Coutinho analisa a dimensão do setor ao pontuar que em todos os mais de 5.500 municípios brasileiros existem artesãos, dedicados a uma atividade que é extremamente espalhada, capilarizada por todo o país, e em Goiás não é diferente. 

“Nos 246 municípios goianos têm artesãos, pessoas envolvidas de alguma forma no setor do artesanato. E esse setor geralmente é invisível às políticas públicas, aos planejamentos setoriais e territoriais. É muito importante a gente ter um dia que marque essa atividade”, ressalta Coutinho.

O mestre pontua ainda que é extremamente importante ter essa data para que se possa levantar essas dificuldades, necessidades e também a importância do artesanato para a cultura e economia brasileiras.  

Reconhecimento

Ao atestar a importância da data, Coronel Adailton frisa que, atualmente, ele tem a alegria de, na presidência da Comissão de Turismo, poder ajudar este importante setor, que gera empregos, renda e agrega valor aos produtos turísticos.

À frente do colegiado, o deputado tem engendrado esforços a favor do desenvolvimento do artesanato, que é intrinsecamente correlato ao setor do Turismo. “Apoio, desde a inauguração, a Casa do Artesanato Goiano, promovida pela Goiás Turismo, no centro da nossa Capital, que além de disponibilizar espaço físico, auxilia na comercialização da produção artesanal”, salienta.   

Retomada pós pandemia

Em comemoração à data, a Cooperativa dos Artesãos do Estado de Goiás (Cartago) promoveu de 15 a 19 deste mês, a 10ª edição da Goiânia Mostra de Artesanato, na Casa do Turismo, situada no prédio da Goiás Turismo, no Centro da Capital. O evento é considerado o marco da retomada das atividades do setor no período de pandemia.  Além de exposição de produtos de artesãos goianos e comercialização de peças artesanais, também foram promovidas oficinas e palestra.

Vice-presidente da Cartago, Maria do Cerrado lembra que, em decorrência da pandemia, o setor foi um dos mais prejudicados da economia. “Com essa pandemia, nós artesãos sofremos muito, porque não tinha espaço para comercializar. Fecharam feiras, prédios, lojas. Ficamos com bastante dificuldade, mas agora, estamos começando a ter essa retomada. A gente já começa a ter uma melhora na comercialização dos nossos produtos.” 

Maria do Cerrado explica que a pandemia também trouxe outro lado, com a valorização do artesanato. “Já que as pessoas não tinham o que fazer em casa, então começaram a procurar os artesãos, para aprenderem alguma coisa, para poderem fazer. Hoje, para muitas dessas pessoas que perderam o emprego, o artesanato tornou-se uma opção de renda para ajudar a manter a sua casa, a sua família”, conta. 

Maria ressalta que o artesanato é uma das maiores fontes de renda familiar. O setor envolve 8,5 milhões de pessoas e representa cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, de acordo com o IBGE. “A mulher, quando tem filhos, não pode sair para trabalhar, então faz artesanato e comercializa”, analisa Maria do Cerrado. 

Demanda reprimida

Décio Coutinho atesta que, com a pandemia, houve uma retração violenta em todos os setores da Economia Criativa. “No artesanato, isso não foi diferente. Sobreviveu foi quem já estava trabalhando com vendas à distância, via comércio eletrônico, via encomendas por redes sociais. Essas pessoas conseguiram manter, minimamente, o seu ofício, a sua profissão. Mas a grande maioria dos artesãos teve que parar.” 

Coutinho estima que cerca de 70% a 80% das pessoas tiveram que mudar de atividade, ou tentar outra forma de renda, porque o artesanato não tinha mais espaço como em feiras e eventos para venda física. “E as próprias lojas de artesanato que existem, muitas delas, pararam de comprar, já que muitas também ficaram fechadas durante a pandemia.” 

No entanto, o gestor considera que a retomada vem sendo uma surpresa muito positiva. “É o que muitos especialistas chamam de efeito champanhe. É aquele efeito de quando você abre a garrafa de champanhe e explode todo aquele líquido que está represado dentro dela”, compara. 

Ele diz que vem percebendo a retomada do setor do artesanato como uma grande explosão, com muita atividade, com aumento das possibilidades de acesso ao mercado, voltando, agora, as feiras nacionais, internacionais e as próprias feiras locais, que estão começando a ser reativadas. 

Para o mestre, é um efeito que pode ser visto com muitos bons olhos. “Estava represado e agora a gente entende que vai ser uma ótima retomada. Esse movimento acontece no turismo e também no artesanato, que é um setor muito vinculado ao setor do turismo”, comemora.

Agente de transformação

E ainda há uma outra função importante do artesanato, segundo Maria do Cerrado, que é ser um agente transformador para jovens e adolescentes. “O artesanato é muito importante para a construção da personalidade dos jovens, dos adolescentes. O artesanato, a arte e a cultura têm uma importância muito grande na vida das pessoas. Tem o poder de transformar a vidas”, avalia.

Ela ressalta ainda um aspecto lúdico na atividade. “Se a pessoa está nervosa ou ansiosa, começa a produzir e já se transforma rapidamente. Se está com algum tipo de transtorno, a pessoa começa a vivenciar a cultura. A educação dela é outra. Ela muda completamente o pensamento de como vê a vida.” 

Por fim, Maria do Cerrado ressalta a importância da cooperativa que hoje é uma entidade de representação do artesão. “Ela traz valorização para o artesão. Ainda bem que recebemos apoio do estado, como o prédio onde a loja funciona. É o que dá força para continuramos com o processo da cooperativa”, diz.

Simbolismo e identidade

Ao enunciar a importância do artesanato, Décio Coutinho destaca se tratar de um objeto carregado de simbolismo, de identidade, de valores, de histórias e de memórias. “Quando um turista vai, por exemplo, em uma praia, e compra uma jangada, ou algum artesanato local, sempre que ele olhar para esse artesanato em sua casa, vai se lembrar daquela praia, daquele lugar onde esteve”, afirma. 

Coutinho diz que o artesanato é um objeto que carrega em si uma série de emoções, de lembranças, que tem esse poder de deslocar a memória e de recuperar a história e identidade. “Além disso, se for feito todo o manejo das produções, o manejo da madeira, das sementes das plantas, é uma produção muito limpa. É uma produção que não polui, e onde, também, a inovação tecnológica desemprega muito pouco, porque todo o processo é feito à mão. É uma atividade que não tem como ser realizada sem as mãos”, avalia. 

Segundo o especialista, o artesanato também é muito vinculado às características regionais e locais. “Tem um vínculo forte com a identidade local. Além disso, gera muita renda e muita ocupação. Gera, também, muitos tributos, impostos e taxas de contribuições. O artesanato é importante porque ele alimenta a economia associada aos segmentos produtivos, por exemplo, o turismo”, destaca.

Outro ponto importante abordado por Coutinho acerca do artesanato, é que este é uma forma de comunicar um destino. “O artesanato é uma estratégia de marketing, e que beneficia uma série de outros segmentos, produtivos econômicos.”

Além disso tudo, ressalta Décio Coutinho, o artesanato valoriza muito as tradições e histórias locais, gera muita inclusão social, reforça a cidadania e a diversidade local. “É uma atividade que traz, em si, muito respeito.”

União

O artesanato, segundo o gestor, tem também outra peculiaridade: “É um objeto que por ser, justamente, trabalhado de forma manual, acaba unindo muito as pessoas em oficinas, cooperativas e associações, o que une muito as comunidades, transformando a vida das pessoas, enriquecendo-as social e culturalmente”, acentua. 

Ele realça se tratar de uma atividade que gera muito crescimento econômico, para os municípios, além de ser um dos setores que mais crescem na economia, junto com a Economia Criativa. “O que precisamos é ter atenção a esse setor, pensar em políticas públicas, porque ainda há muitos desafios a serem vencidos”, observa Coutinho.

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Governador em exercício Daniel Vilela recebe comitiva de Portugal

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Reunião tratou de estreitar relação com o país europeu e serviu para apresentar potencialidades do estado aos representantes portugueses

Além de compartilharem o mesmo idioma, Portugal e Brasil são países considerados irmãos, que têm estreitado relações comerciais nos últimos anos. Nesta terça-feira (19/03), o governador em exercício de Goiás, Daniel Vilela, recebeu comitiva portuguesa, liderada pelo vice-ministro de Estado de Negócios Estrangeiros e Cooperação, Francisco André. O encontrou serviu para apresentar as potencialidades do estado, além de investimentos realizados no agronegócio, saúde e educação e segurança pública.

“Trocamos impressões e informações para que a gente tenha condição de aumentar as relações comerciais e culturais. O estado é irmão de Portugal, um país que é a porta de acesso para os brasileiros na Europa. Queremos potencializar essa relação fazendo com que a gente tenha uma condição ainda melhor de investimento de ambas as partes”, destacou Daniel Vilela, representando o governador Ronaldo Caiado, que está em missão institucional em Israel.

Para o vice-ministro, foi uma oportunidade importante para conhecer um estado considerado estratégico. “Goiás é um dos estados mais competitivos em termos econômicos, que há vários anos está sempre no ranking dos maiores índices de crescimento no Brasil. Um estado que tem todo o seu tecido econômico, não só assente no agronegócio, mas também em outras áreas mais modernas de investimento, e um estado com o qual nós temos laços sociais, culturais muito fortes, até laços familiares, uma vez que há uma comunidade portuguesa aqui”.

Francisco André concluiu dizendo que as empresas portuguesas olham para o mercado de Goiás “com muita atenção, como uma possibilidade de investimento, mas também como um estado onde podem muito aprender como fazer investimento”. Ele completou que pretende incentivar a atração de investimentos a Portugal, visando o mercado europeu, com mais de 500 milhões de pessoas. “Temos muito o que fazer em conjunto e temos um grande futuro à frente”, finalizou o representante português.

Fotos: André Costo / Vice-Governadoria – Governo de Goiás

 

 

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