Economia

CNC: com inflação alta, volume de vendas para o Dia das Mães cai

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O volume de vendas do comércio varejista para o Dia das Mães deverá chegar a R$ 14,42 bilhões, uma queda de 1,8% em relação à movimentação financeira real, isto é, descontada a inflação, do ano anterior, segundo estimativas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em 2021, o volume de vendas chegou a R$ 14,68 bilhões.

A estimativa leva em conta a inflação elevada e os juros em alta, avaliou hoje (5), em entrevista à Agência Brasil, o economista da CNC Fabio Bentes, responsável pela pesquisa.

“Não poderia ser diferente, diante das condições atuais de consumo, quando a gente está com uma inflação de dois dígitos já há algum tempo, taxas de juros no maior patamar dos últimos cinco anos e a gente tem um rendimento médio da população apresentando queda real de 6%, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”, disse Bentes.

“Não daria para esperar crescimento diante dessas condições. Ainda que se considere a reabertura total do comércio, o consumidor está com o bolso ainda prejudicado pela inflação alta, juros em alta e, principalmente, pela questão do mercado de trabalho, que precisa ser melhor endereçada”, completou o economista.

Apesar da redução projetada para a data, o número é superior aos R$ 8,8 bilhões registrados em 2020, no auge da pandemia de covid-19, quando grande parte dos estabelecimentos estava fechada. “O varejão do Dia das Mães estava fechado, em maio de 2020, e a gente estava lutando para criar condições de reabertura”, lembrou Fabio Bentes.

“Em 2021, o cenário já era melhor e, em 2022, apesar de a pandemia ainda existir, ela está mais enfraquecida. O problema é a conjugação de fatores de consumo, que não têm sido favoráveis para a expansão das vendas”, completou Bentes.

Variação positiva

A pesquisa da CNC revela que, pela primeira vez, nenhum dos 26 itens que compõem a cesta de bens e serviços avaliados deverá ter retração, na comparação com o ano anterior. A variação média desses itens, da ordem de 10,6%, deverá ser a maior da série histórica iniciada em 2013, pressionada pela inflação corrente. Os itens medidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), acumulado em 12 meses, destacam as variações nos preços de eletrodomésticos, como refrigeradores (+27,8%) e fogões (+24,9%). Do mesmo modo, itens de mobiliário associados à data comemorativa também tendem a apresentar variação significativa (+19,4%), o que deverá desestimular a busca por esses produtos, especialmente considerando a tendência recente de elevação do custo do crédito.

Levantamento efetuado pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) identificou que, em maio de 2021, a taxa de juros básica da economia brasileira estava em 3,5% ao ano. Dez meses depois, os juros básicos já se situavam em 11,75% ao ano. No mesmo período, a taxa média de juros das principais operações de crédito saltou de 5,88% ao mês (ou 98,5% ao ano) para 6,57% ao mês (ou 145,9% ao ano).

O ramo de vestuário, calçados e acessórios, que costuma responder pela maior fatia das vendas, deve seguir liderando este ano, com previsão de faturamento de R$ 6,69 bilhões, avanço de 1,4% em relação ao registrado no ano passado. Por outro lado, os segmentos de utilidades domésticas e eletroeletrônicos (R$ 2,33 bilhões) e móveis e eletrodomésticos (R$ 2,29 bilhões) devem apresentar quedas de 9,3% e 9,5%, respectivamente.

Maior aumento

Da mesma maneira, pesquisa efetuada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) com base em 31 produtos e serviços do Índice de Preços ao Consumidor – Mercado (IPC-M) sinalizou que os presentes e serviços mais procurados para o Dia das Mães tiveram, nos últimos 12 meses, o maior aumento registrado para essa cesta nos últimos 20 anos, de 9%, ligeiramente abaixo da inflação acumulada no período, de 10,37%. Em 2003, o reajuste foi de 10,83%.

De acordo com a sondagem, os serviços lideraram a inflação, com alta de 13,79%, puxada pelas passagens aéreas, cujos preços evoluíram 72,83%. Ainda na cesta de serviços, restaurantes subiram 8,13%, hotéis (5,72%), excursões e tours (4,54%) e salões de beleza (4,19%), embora ficassem abaixo da inflação geral.

Segundo o pesquisador e economista do Ibre Matheus Peçanha, assim como no ano passado, as atrações culturais continuam sendo as melhores opções para um bom programa com as mães, porque apresentam ainda preços próximos da estabilidade. Entre elas estão shows (0,12%), cinemas (1,33%) e teatros (1,42%).

Matheus Peçanha avaliou que a retomada pós-pandemia exerce papel importante nessa dinâmica. “O setor turístico apresentou um incremento na demanda que estava reprimida desde a pandemia da covid-19 e os preços estão refletindo isso. No caso dos restaurantes, ainda há o agravante do custo dos alimentos, que tem sido o foco da inflação recente”, disse.

Já entre a cesta dos presentes mais dados às mães nesse período, o economista informou que a cesta de 22 bens duráveis e semiduráveis teve crescimento médio de 4,25%. As maiores altas foram observadas, em especial, nos eletrodomésticos e no setor têxtil: cama, mesa e banho (11,04%), geladeira e freezer (8,73%), máquina de lavar roupas (7,5%), micro-ondas (6,75%) e roupas femininas (6,62%). Em contrapartida, os menores aumentos foram constatados em itens como perfume (0,15%), computadores e periféricos (0,34%), celulares (0,65%), artigos de maquiagem (0,92%) e fogão (1,97%).

Edição: Lílian Beraldo

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Economia

Caiado propõe indexação da dívida dos estados a IPCA mais 1%

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Encontro de governadores e representantes de cincos estados com o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, em Brasília, resulta em acordo para apresentação de proposta de reajuste no IPCA ao Ministério da Fazenda

O governador Ronaldo Caiado apresentou nesta segunda-feira (15/04) propostas para renegociação das dívidas dos estados, com foco na indexação. A reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em Brasília, contou com a participação de governadores e representantes de outros quatro estados. No encontro ficou acordado que os governadores vão propor ao Ministério da Fazenda a correção das dívidas pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 1% ao ano.

“O que nós estamos pedindo são indexadores justos e uma renegociação também para que haja flexibilização no teto de investimento e não sejamos engessados, como está hoje a maioria dos estados brasileiros”, pontuou Caiado ao final do encontro.

O indexador da dívida atualmente é o CAM que, somado a mais 4% de juros ao ano, dá a taxa Selic de 11% ao ano. Já a proposta apresentada pelo gestor goiano, em parceria com os governadores Cláudio Castro (RJ), Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema, (MG), além do vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, visa a redução do indexador para IPCA mais 1% ao ano, tornando o índice mais vantajoso para a correção dos valores devidos pelos estados à União, possibilitando o investimento em outras áreas.

Ronaldo Caiado ressaltou que dívidas acrescidas por indexadores extorsivos inviabilizam o investimento nos estados. “O parcelamento da dívida chega a percentuais que impossibilitam investir em infraestrutura. Os entes federativos estão imobilizados devido a essas correções das dívidas que chegam a níveis estratosféricos, não restando nada para que os governos possam atender à necessidade de crescimento”, disse.

Governador Ronaldo Caiado, se reúne com Rodrigo Pacheco, em Brasília, para apresentar proposta de indexação de dívida dos estados

Governador Ronaldo Caiado, se reúne com Rodrigo Pacheco, em Brasília, para apresentar proposta de indexação de dívida dos estados

“Temos que exigir responsabilidade fiscal dos estados, mas também ficar bloqueado com teto de gastos e com esse indexador, com a dívida sendo reajustada nessa proporção, nos inviabiliza de caminhar”, finalizou o governador de Goiás.

A proposta discutida com o presidente do Senado prevê que os estados menos endividados poderão obter acesso a novas operações de crédito. Os que cumprirem todos os compromissos estabelecidos terão reduções de juros permanentes até o prazo final da vigência dos contratos aditivados. Ficam afastados também todos os limites e condições para a realização de operação de crédito ou para a contratação com a União nas celebrações de acordo.

O texto destaca que os estados que apresentarem boa capacidade de pagamento terão tratamento prioritário e célere quanto às análises e avaliações dos pleitos de operação de crédito. Outro item acrescenta pelo menos 50% do PIB ao teto, e exclui as despesas de saúde e educação da limitação de crescimento prevista em Regimes de Recuperação ou de Reequilíbrio Fiscal dos Estados e do Distrito Federal.

O Ministério da Fazenda deve apresentar um projeto até a próxima semana. Entretanto, o presidente do Senado convocou os governadores para ouvir suas sugestões e apresentar seus pontos de vista. Caiado ressaltou que Pacheco deve encaminhar uma proposta que seja compatível com o crescimento dos estados em breve.

Segurança
Durante o almoço, o Chefe do Executivo goiano discutiu também a possibilidade de uma contrapartida financeira às UFs por ações de segurança pública. “Estamos diante de uma luta contra a criminalidade em que assumimos o trabalho sozinhos”, argumentou Caiado, ao lembrar que os estados combatem diretamente crimes federais e não recebem compensação pela atuação das forças policiais. Além disso, os governadores colocaram em pauta a possibilidade de federalização de ativos dos estados.

Fotos: Cristiano Borges / Secretaria de Comunicação – Governo de Goiás

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